Dançarina

Dançarina

Mercedes Baptista




    Mercedes Ignácia da Silva Krieger, mais conhecida como Mercedes Baptista, nasceu em Campos dos Goytacazes (1921-2014), Rio de Janeiro, bailarina e coreógrafa brasileira, a primeira negra do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Criou o balé afro-brasileiro, elaborou uma codificação e vocabulário próprio para sua dança, inspirada nos terreiros de candomblé. 
    Em 1945, morando na capital do Rio de Janeiro com seus pais começou a frequentar a Escola de Dança de Eros Volúsia, bailarina reconhecida por criar um método de investigação das danças populares para criação de um balé brasileiro erudito. Entrou na Escola de Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, um pouco depois, se destacando como bailarina Baptista entrou no concurso em 1948 e foi aprovada, tornando-se a primeira negra a compor o corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
    A bailarina também participou de muitas apresentações no “Teatro Experimental do Negro”, de Abdias do Nascimento, lutando junto a outros artistas pela participação e reconhecimento de atores e dançarinos negros de teatro no Brasil. 
    Quando Katherine Dunham (bailarina considerada a matriarca da dança negra norte-americana), veio ao Brasil, no início de 1950, Mercedes participou de uma audição e foi escolhida para estudar na companhia de Dunham, permanecendo em Nova York por uma ano. Quando voltou para o Brasil, Baptista criou seu próprio grupo, com uma proposta de dança voltada à cultura afro-brasileira, pesquisando as danças dos candomblés brasileiros, com o apoio de Edson Carneiro, grande pesquisador e folclorista. 
    Fundado em 1953 o Ballet Folclórico de Mercedes Baptista, composto por bailarinos negros, montou vários espetáculos e participou de apresentações de Teatro de Revistas, como em “Agora a Coisa Vai” e “Rumo a Brasília”, considerados grandes sucessos. O grupo ainda viajou com apresentações pelo Brasil, países sul-americanos e Europa, também participando de vários espetáculos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O grupo de Mercedes desenvolveu pesquisas e divulgou a cultura negra e afro-brasileiras, e introduziu elementos afro na dança moderna brasileira. Ela ainda coreografou para cinema, televisão, teatro e escola de samba, além de introduzir na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a disciplina dança afro-brasileira, ministrada por ela nos anos de 1970.
    A bailarina foi homenageada no documentário “Balé Pé no Chão – A Dança Afro de Mercedes Baptista” dirigido por Lílian Solá e Marianna Monteiro, lançado em 2006. Em 2007 foi lançado o livro "Mercedes Baptista: a criação da identidade negra na dança", escrito por Paulo Melgaço da Silva Júnior, publicado pela Fundação Cultural Palmares. Como homenagem da prefeitura do Rio de Janeiro, uma sala de dança do Centro Cultural José Bonifácio ganhou o nome da artista. 
    Mercedes Baptista faleceu aos 93 anos de idade, no Rio de Janeiro, em 18 de agosto de 2014.